quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Psicossomática



A Psicossomática é uma ciência interdisciplinar que integra diversas especialidades da medicina e da psicologia para estudar os efeitos de fatores sociais e psicológicos sobre processos orgânicos do corpo e sobre o bem-estar das pessoas. O termo também pode ser compreendido, tal como descreve Mello Filho, como "uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e sobre as práticas de saúde, é um campo de pesquisas sobre estes fatos e, ao mesmo tempo, uma prática, a prática de uma medicina integral".
A palavra psicossomática, na visão dos profissionais de saúde que compreendem o ser humano de forma integral, não pode ser compreendida como um adjetivo para alguns tipos de sintomas, pois tanto a medicina quanto a psicologia estão percebendo que não existe separação ideal entre mente, corpo, alma e espírito que transitam nos contextos sociais, familiares, profissionais e relacionais. Então, psicossomática é uma palavra substantiva que pode ser empregada para qualquer tipo de sintoma, seja ele físico, emocional, psíquico, espiritual, profissional, relacional, comportamental, social ou familiar.
O termo medicina psicossomática começou a ser utilizado nas primeiras décadas do século XX, 1939 pode ser considerado uma data de sua consagração tendo como marco a fundação da American Psychosomatic Society.
 

Histórico:
Contudo é o resultado de séculos de elaboração até ser definida pela primeira vez por Johann Christian August Heinroth (1773–1843) (psicossomática, 1918 e somatopsíquica, 1928). A psicossomática evoluiu das investigações psicanalíticas que contribuem para o campo com informações acerca da origem inconsciente das doenças, e mais especificamente dos estudos das paralisias e anestesias histéricas originados das contribuições pré - psicanalíticas de Jean-Martin Charcot (1825-1893) e Josef Breuer (1842-1925).
Segundo Alexander e Selesnick o método psicossomático em medicina se estabeleceu a partir do estudo clínico e experimental sistemático da interação entre a mente e o corpo que só se tornou possível depois dos esclarecimentos filosóficos sobre ambos. Além das pesquisas sistemáticas do próprio Alexander e equipe do Instituto Psicanalítico de Chicago (1932) sobre o adoecimento e padrões de conflito e tipos de personalidade utilizando a concepção psicanalítica de Sigmund Freud (1856-1939), em especial os conceitos de conversão histérica e o método da livre associação os referidos autores apontam como pioneiros da medicina psicossomática: Georg Groddeck (1866–1934); Ernst Simmel (1882-1947) na Alemanha; Felix Deutsch
 
(1884-1964) em Viena; Smith Ely Jelliffe (1866-1945) nos Estados Unidos e Ángel Garma (1904–1993) na Argentina. Destacando ainda as contribuições de Helen Flanders Dunbar (1902-1959) sobre semelhanças psicológicas entre pacientes com uma mesma doença orgânica e os esclarecedores estudos sobre a fisiologia das emoções desenvolvidos por Walter Bradford Cannon (1871–1945).
Outra contribuição relevante, para compreensão multidisciplinar que temos hoje, veio do sociólogo sociólogo Talcott Parsons (1902-1979) em 1951 ponderando sobre a vantagem que o indivíduo obtém, mesmo que indiretamente, quando adoece e desempenha o papel do doente (sick role). Em seguida dos estudos behavioristas com homens e animais que resultaram na medicina comportamental. Atualmente a psicossomática tem se desenvolvido segundo uma ótica multidisciplinar promovendo a interação de vários profissionais de saúde, dentre eles, médicos, fisioterapeutas e psicólogos.
Naturalmente outras correntes e escolas teóricas podem ser constituídas revendo-se os trabalhos publicados que adquirem notoriedade na comunidade científica se somam ao longo do tempo, sem esquecer das contribuições reconhecidas a posteriori. Não desconhecendo as contribuições do filósofos e médicos gregos da medicina hipocrática e seus sucessores galênicos, cristalizada na frase do poeta, mens sana in corpore sano, uma das primeiras pessoas no mundo ocidental a refletir sobre a medicina psicossomática, em parâmetros semelhantes aos atuais, foi a filósofa espanhola Oliva Sabuco, já no século XVIII, quando publicou vasta obra sobre o assunto.

Texto: Wikipédia em Português;
Imagem: Flickr.